sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Drumond e seus poemas eróticos



Oh! Sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
Que o nosso avô português?

Oh ! sejamos navegantes
Bandeirantes e guerreiros
Sejamos tudo que quiserem
Sobretudo pornográficos.

A tarde pode ser triste
E as mulheres podem doer
Como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo
De tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
Fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados,
Que o melhor é ser pornográfico.

Propõe isso a teu vizinho,
Ao condutor do teu bonde,
A todas as criaturas
Que são inúteis e existem,
Propõe ao homem de óculos
E à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
Não quereis ser pornográficos?


O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas
Para que tanta perna, meus Deus, pergunta o meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
(Poema de sete faces)

Meus olhos espiam
As pernas que passam.
Nem todas são grossas...
Meus olhos espiam.
Passam soldados,
... mas todas são pernas.
Meus olhos espiam.
Tambores, clarins
E pernas que passam.
(Moça e soldado)

E como não tinha nada que fazer vivia namorando as pernas morenas da lavadeira.
(Iniciação amorosa)

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